segunda-feira

Paulo Coelho. Porque escrevo... II

Eu escrevo porque quando eu era adolescente, eu não jogava um bom futebol, eu não tinha carro, eu não tinha uma boa mesada, eu não tinha músculos [...].

Eu não usava nenhuma roupa mais fashion. As meninas na minha turma estavam interessados apenas nos outros, e não prestavam atenção em mim. À noite, quando meus amigos estavam com suas namoradas, eu estava desfrutando do meu tempo livre para inventar um mundo onde eu pudesse ser feliz: os meus companheiros foram os escritores e seus livros. Um dia, eu escrevi um poema para uma menina da minha rua.

Um amigo encontrou-o em meu quarto, roubou, e quando estávamos todos reunidos ele mostrou a toda turma. Eles riram, e tentaram mostrar como eu era ridículo - eu estava apaixonado!

A menina a quem dediquei o poema não riu. Na tarde seguinte, quando fomos ao teatro, ela conseguiu se sentar ao meu lado e agarrou a minha mão. Fomos lado a lado, e eu, que era feio, frágil e que não andava na moda, fiquei com a menina mais bonita e mais cobiçada [...].

Tudo por causa de um poema [...]. Um poema me fez perceber que, por escrito, mostrando o meu mundo invisível, eu podia competir em igualdade de condições com o mundo visível de meus amigos: a força física, a roupa da moda, os carros e a superioridade nos esportes.

Pourquoi j'écris, de O Zahir [tradução do original em francês].

Obras do autor: O Alquimista, Diário de um Mago, Valquiria, O Zahir, Veronica decide morrer e outros.

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