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Fazia
muito tempo que me acostumara com a perspectiva de uma vida
solitária. Ser pobre, feia e além do mais inteligente condena, em
nossas sociedades, a percursos sombrios e sem ilusões, aos quais é
melhor se habituar cedo. A beleza se perdoa tudo, até mesmo a
vulgaridade. A inteligência deixa de parecer apenas uma justa
compensação das coisas, algo como um reequilíbrio que a natureza
oferece aos filhos menos favorecidos, e fica parecendo um brinquedo
supérfluo que realça o valor da joia. A feiura, em compensação,
já é sempre culpada, e eu estava fadada a esse destino trágico,
sentindo mais dor ainda na medida em que não era boba.
-
Muriel Barbery in
“A elegância do ouriço”
Inteligência
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