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Sobre a inspiração, em entrevista com Lígia Fagundes Teles


Em entrevista a José Castelo, a Lígia Fagundes Teles fala sobre inspiração, a sensibilidade, sobre o processo criativo, seu e da literatura, sobre a usa obra. Este trecho retirada da entrevista fala sobre a crônica, frequentemente, considerada como um gênero menor na literatura. Vale à pena conferir, a entrevista toda, é claro!

Como você se sente como autora de crônicas? Você considera a crônica um gênero menor?

 LYGIA FAGUNDES TELLES: Não existe gênero menor, existem escritores menores. Rubem Braga, Carlos Drummond, Clarice Lispector foram grandes cronistas. E não é fácil ser cronista, tem de ter inspiração, uma palavra que saiu da moda, mas em que eu acredito muito. O que é a inspiração? É uma transformação no interior do ser, como se fosse um novo ser que surge no interior do velho. Não só os cronistas, mas também os romancistas precisam de inspiração. Clarice reclamava que a palavra inspiração tinha saído da moda e dizia que isso era muito perigoso. A experiência da inspiração é uma experiência delicada, mas decisiva. De repente, você olha para algo e recebe aquela mensagem misteriosa. Pode ser um ser vivo, pode ser um objeto, ou uma paisagem. Você olha e inspira. Você inspira o objeto e, quando depois o expira, vem a criação literária.(…)

(…)A função do escritor é produzir sentido e só o sentido se opõe à loucura. O escritor pode ser corrompido, pode ser triste, pode não prestar, mas ele sempre faz companhia a seu leitor. Por isso não consigo parar de escrever. Se você para de escrever, se torna infeliz, pois está desfazendo uma vocação. Está tapando os ouvidos para um chamado. Você está traindo esse chamado e, assim, traindo a si mesmo.


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