Leitura
em voz alta agora é recomendação oficial da Academia Americana de Pediatria.
Mais do
que diversão, a leitura de histórias para os filhos pequenos, especialmente os
menores de três anos, agora é "prescrição" médica.
Uma nova
recomendação da APP (Academia Americana de Pediatria) diz que os médicos devem
orientar os pais a lerem em voz alta para os bebês como forma de estimular a
linguagem, o desenvolvimento da Alfabetização e o fortalecimento das relações
afetivas entre eles.
A mesma
orientação deverá ser seguida pelos médicos brasileiros, segundo a SBP
(Sociedade Brasileira de Pediatria). “Nas consultas, é fundamental que se faça
esse tipo de orientação aos pais. A leitura tem papel fundamental no
aprendizado é a base para todos os conhecimentos”, diz Christian Muller,
neuropediatra da SBP.
A ênfase
dada às crianças pequenas (até três anos) tem uma explicação: os primeiros 36
meses de vida são cruciais para o desenvolvimento do cérebro e de habilidades como
falar, aprender e pensar.
Para
editar a nova política, a ABP se baseou em estudos que demonstram que bebês e crianças
pequenas expostas à leitura têm melhores competências linguísticas quando ingressam
na escola.
No
Brasil, mais da metade (56,5%) dos alunos com idade de oito anos chega à terceira
série do ensino fundamental sem aprendizagem adequada para a leitura. É 70% não
sabem escrever corretamente, segundo dados do Plano Nacional de Educação.
A médica
Pamela Alta, uma das autoras do estudo que embasou as orientações da APP,
afirma que trazer os livros para a consulta permitirá que pediatras observem as
habilidades motoras, a linguagem e a alfabetização da criança, além da
interação entre ela e seus pais.
“A
leitura favorece o vínculo familiar. Pode ser a oportunidade de pais e filhos
estarem juntos, sem compromissos ou o relógio delimitando tempo para as tarefas
diárias”, diz Christian Muller.
Interação
Mas nem sempre é fácil prender a atenção das crianças
pequenas apenas com a leitura em voz alta, observa a pediatra norte-americana
Perri Klass. “Elas não se interessam por histórias longas. Logo se distraem
porque têm um curto espaço de atenção”.
Diretora de um programa nos EUA que estimula os pais a lerem
para os filhos pequenos, Klass diz que os adultos não devem se sentir
frustrados se a criança se desinteressar e levar o livro à boca, por exemplo.
“É assim que elas exploram o mundo.”
Segundo a doutora em educação pela PUC-SP, Maria Alice de
Resende Proença, professora do Instituto Singularidades, é importante que os
bebês folheiem livros e os percebam como fontes prazerosas de informação.
“O adulto deve brincar com a voz, com os gestos e as
expressões faciais e corporais. Ler histórias tem que ser prazeroso para ele
também”, diz.
Na casa da ginecologista Flávia Maciel de Aguiar, 37, mãe de
Rodrigo, 2, e de Bianca de seis meses, a hora da leitura é garantia de
diversão. “A gente canta, faz teatro mesmo. E o Rodriguinho reage com a cara de
medo, de susto, de alegria”.
O menino também manuseia os livros e interage com as
figuras. “Lia histórias para ele desde a gestação. Espero que esse prazer
continue quando ele puder fazer suas próprias escolhas”, afirma.
Esse também é o desejo de Mariana Viveiros, mãe de Alice, 2.
Ela conta que ler histórias para a filha desde “bem bebezinha” não só ajudou na
aquisição de linguagem como os livros se tornaram os brinquedos favoritos dela.
“Pelo menos até o momento.”
Segundo a professora Maria Alice, quanto mais cedo a criança
for exposta a variados tipos de leitura, maior será o seu vocabulário e as
chances de escrever com uma linguagem mais rica
.
A questão é: na vida pratica, com as consultas médicas cada
vez mais curtas, haverá tempo e disposição do pediatra para conversar com os
pais sobre a importância de ler histórias para os filhos?
Christina Muller, da SBP, diz que sim. “Eles devem persistir
nisso, independentemente de qualquer dificuldade de tempo que a rotina diária
possa gerar.” (na folhauol)
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