quinta-feira

Os professores estão lendo? Se não, como ficam seus alunos?

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O artigo não é novo (2014), mas isto se torna irrelevante, já que o problema por ele tratado é – como poderia dizer? – quase que atemporal, já que a leitura, para professores ou não, vem caindo em desuso sobretudo depois de um tal de “passar dedo” (tela de seus celulares...), vem fazendo, Ops! Fez, a cabeça de tanta gente, e os professores não são, decididamente, exceções.

As bibliotecas resistem bravamente com seus, a cada dia mais à vontade, clientes moscas, e só nos resta torcer para que não apareça algum secretário de “educação” mais “pragmático” e resolva dar destino melhor aos prédios que abrigam os livros. Embora, confesso, não sei pra que serviriam, ou melhor, servem atualmente, pois, já que as chances de voltarem, as bibliotecas, a se ‘encherem’ de gente, alunos, também, procurando livros…

Ainda mais com professores tão bem formados e afeiçoados ao metiê – livros e leitura –, como vai conferir no artigo abaixo.
"Os professores estão lendo?
Estudo mostra que escassez de leitura, sobrecarga e licenciaturas falhas afligem docentes da rede pública de São Paulo.

Os professores do Ensino Médio da rede pública da cidade de São Paulo têm dificuldades para ensinar Literatura sem usar ferramentas ultrapassadas. Inseguros e com leitura que não ultrapassa best-sellers e livros de vestibular, eles não conseguem transmitir entendimentos profundos sobre obras e autores.

Essas conclusões estão em O Professor de Português e a Literatura(Alameda Editorial, R$ 42, 296 págs., 2013), dissertação de mestrado de Gabriela Rodella de Oliveira, 45 anos, doutora em Linguagem e Educação pela Faculdade de Educação da USP.

Orientado por Neide Luzia de Rezende, também da FEUSP, o estudo, feito entre 2006 e 2007, mostra que subsiste no Brasil um vício em escolas e períodos literários. Os efeitos nos alunos são conhecidos: superficialidade e desinteresse pela leitura.

Da pesquisa advém um revelador perfil: a maioria dos docentes vem de famílias com baixa escolarização, teve pouco contato com a leitura na infância, fez Ensino Básico na rede pública e superior na particular e recebe salários baixos por jornadas excessivas que dificultam a formação.

O estudo deu-se em duas etapas. Na primeira, 87 professores em quatro Diretorias Regionais de Ensino paulistanas responderam a questões sobre leitura, literatura, ensino e relação com os alunos. Na segunda, entrevistas com quatro profissionais revelaram nuances mais detalhadas.

As respostas apontam tevê e internet como fatores desestimulantes e delas emergem docentes que culpam o aluno pelo fracasso e leem clássicos como Eça de Queirós, mas também Dan Brown, Augusto Cury, Içami Tiba e Khaled Hosseini, de O Caçador de Pipas, sucesso à época.

Para a pesquisadora, a maioria dos professores foge de debates para evitar questões a que não saibam responder. “Fica mais fácil riscar uma linha cronológica e encaixar o autor em algum ismo da vida”, diz. Ela também defende uma maior conexão com os alunos: “Claro que nenhum professor vai pedir para lerem Harry Potter, mas, se eles já leem, por que não trazer à sala?”.

Relatos, porém, revelam realidade oposta. “Na sala de aula, M.E. levou dez minutos passando na lousa uma proposta copiada de um livro didático, que os estudantes, por sua vez, copiaram em seus cadernos. A professora levou, então, outros dez minutos fazendo a chamada (…) e, nos 15 minutos finais, deu vistos nas cópias”, diz o trabalho.

Com base em pesquisas afins desde 1975, de autores como Marisa Lajolo e Maria Thereza Fraga Rocco, Gabriela conclui que o remédio aos problemas no ensino de Literatura no País, que já duram quatro décadas, começa no Ensino Superior. “Tem de haver uma revisão nos cursos particulares de Letras e uma avaliação da formação docente, como se faz com Direito ou Medicina.

As faculdades precisam ensinar a ler”, afirma. Ela também defende um sentido social da disciplina. “A Literatura permite a visão do outro, do diferente. Sua ambiguidade abre margem à inclusão e à tolerância. Acredito que integre a construção do cidadão.

De Rafael Gregório, em Carta Educação

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